Cerca de 80% das empresas do setor de alimentos e bebidas não divulgam práticas de monitoramento de fornecedores relacionados aos aspectos socioambientais, como desmatamento, direitos humanos e trabalhistas, questões tributárias e de licenciamento. O mesmo percentual não divulgou contar com representatividade de gênero igual ou superior a 20% em cargos da alta administração. Já cerca de 60% delas não apontaram monitorar eventuais impactos de escassez de recursos hídricos e a existência de iniciativas voltadas à otimização do consumo de energia. Estas são as principais conclusões de uma pesquisa feita pela KPMG com 28 companhias que atuam na indústria com o objetivo de analisar o desempenho delas com relação às práticas ambientais, sociais e de governança (da sigla em inglês, ESG).
“Isso se explica pelo fato de que as empresas internacionais estarem sujeitas a pressões regulatórias mais rigorosas do que seus pares de menor porte e atuação em âmbito nacional. Além disso, os dados mostraram que ainda há muito a ser feito pelas organizações no que se refere à adoção, implementação e divulgação de estratégias ESG. Esses aspectos se consolidaram como uma preocupação relevante entre empresas, reguladores e governos e se tornaram uma necessidade no atual ambiente de negócios”, afirma o sócio líder do segmento de alimentos e bebidas da KPMG, Maurício Godinho.
Já considerando a média geral das 28 empresas, o tópico que obteve o pior desempenho ESG médio foi o de biodiversidade e desmatamento, cuja pontuação ficou em 25,13%. No entanto, as companhias possuem melhor desempenho, na média, nos três tópicos relacionados à agenda de incidentes ESG: problemas de governança (74,95%), polêmicas com stakeholders (73,15%) e impactos ambientais (69,24%).
“Ainda que o investimento em ações sustentáveis tenha representado 27% do investimento total desta indústria e que haja um avanço na conscientização e nas ações das empresas de alimentos e bebidas em relação à sustentabilidade, pudemos constatar pontos de atenção em alguns temas dos pilares ESG que demandam mais empenho para que as companhias possam progredir em relação à percepção dessas práticas pelo mercado de investimentos. Por fim, destacamos que as empresas podem ter acesso a recursos financeiros diferenciados, ao se valerem da emissão de títulos temáticos, que dão robustez para a jornada ESG”, finaliza a sócia de gerenciamento de riscos em ESG da KPMG, Maria Eugênia Buosi.
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